sexta-feira, 11 de julho de 2014

André Setaro, pilar de uma cinefilia


Num ano que tem sido implacável para o cinema (e para a cinefilia baiana), acabamos de perder o crítico e professor André Setaro, mais um mentor, um apaixonado pelo cinema e um grande formador de plateias atentas. Uma perda pesada. Com seu jeitão peculiar e face dura, memória de ferro, um amor imenso pelo cinema clássico, de um passado que ele tanto venerava, o prof. Setaro certamente incentivou muitos a olharem para a 7ª arte de modo diferente, apaixonado, eu incluso no grupo. Na foto, ele comentava Hiroshima, Meu Amor, na última sessão do Cineclube Glauber Rocha. Mesmo com saúde enfraquecida, lá estava o professor, lúcido, espalhando sua paixão.

Curioso tratá-lo assim como professor já que nunca fui seu aluno. Não de sala de aula, mas todos que leram seus textos, todos que já o ouviram falar sobre cinema, aprenderam com ele a amar o que de melhor essa arte pode nos proporcionar. Aprendemos com ele a respeitar os clássicos, a não esquecer os filmes de outrora que construíram as bases da linguagem cinematográfica. E sorte daqueles que o tiveram como docente, foram muitos os que ele formou nas salas de aula da Faculdade de Comunicação da UFBA.

Minha admiração por Walter da Silveira, aliás, passa pelo prof. Setaro porque foi através dos escritos dele que eu vim conhecer Dr. Walter, sua importância como figura preponderante para a construção de uma cinefilia que se frutificou na Bahia.

O prof. Setaro possuía um blog que é referência fundamental para os amantes da 7ª arte, o Setaro’s Blog, além de manter uma coluna no Terra Magazine. Escreveu sobre cinema por mais de 30 anos no jornal Tribuna da Bahia. Alguns de seus textos foram editados nos três volumes da coleção "Escritos sobre Cinema – Trilogia de um Tempo Crítico", além de ter lançado uma revisão do cinema local com o Panorama do Cinema Baiano, reeditado em 2012 pela Fundação Cultural do Estado da Bahia. 

Que no descanso encontre os mestres do cinema, serelepes, no paraíso, especialmente Dr. Walter que solidificou uma querida cinefilia na Bahia, tendo continuidade no trabalho e na paixão declarada do prof. Setaro.

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