quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Noivas em desalinho

Loucas pra Casar (Idem, Brasil, 2015) 
Dir: Roberto Santucci


Malu (Ingrid Guimarães) é abandonada por seu noivo no altar da igreja e, ao tentar suicídio jogando-se de uma ponte, descobre outras duas noivas também largadas e enganadas pelo mesmo homem, Samuel Barros (Márcio Garcia), dotado tanto de beleza quanto de grana. Antes que se diga, nem interessa muito se o mote desse filme seja “parecido” com o do longa norte-americano Mulheres ao Ataque.

Loucas pra Casar, novo disparo da Globo Filmes, o mais recente filme-fast-food de comédias descartáveis que já são uma constante na nossa produção cinematográfica, abre os lançamentos do ano já de forma desastrosa. Roteiro fraco, piadas pouco estimulantes, tiques dos atores e uma chuva de clichês. Não que precise ser genial e ter várias sacadas inteligentes, mas um mínimo de cuidado na construção narrativa faz render um filme com momentos muito mais divertidos.

Loucas pra Casar ainda tenta usar o recurso do flashback para criar certo interesse, na medida em que Malu vai descobrindo essas outras mulheres que fazem parte da vida amorosa de seu noivo. Lúcia (Suzana Pires) dança num clube noturno, o sex appeal estampado no seu visual. No outro polo, Maria (Tatá Werneck) é a religiosa recatada, a dona de casa ideal, submissa. Grande parte do filme se concentra nos encontros e desentendimentos entre elas, com fins desastrosos.

E nem é o caso aqui de fazer um julgamento moral sobre essa ideia de que a realização da mulher contemporânea só se completa ao se casar e encontrar o homem ideal para lhe satisfazer. A própria Globo Filmes – para ficar num exemplo de mesmo patamar – há pouco tempo já abordou esse mesmo assunto em Os Homens São de Marte... E é pra Lá que Eu Vou, com Mônica Martelli, um filme muito mais interessante, que mantém certa graça e humor, ainda que com algumas fragilidades.

É tudo o que não acontece aqui. O trio feminino principal revisita o lugar comum dos tipos caricaturais, enquanto o filme aposta em personagens secundários também estereotipados, como o amigo gay Rubi (Edmilson Filho) e a confidente lésbica Dolores (Fabiana Karla). Se há algo de engraçado aqui, deve-se à presença de Tatá Werneck (a sequência em que ela corrige o padre na igreja, por exemplo, é simples, talvez banal na história, mas tem bom efeito cômico).

Apostando numa reviravolta final (que de alguma forma tenta explicar o absurdo do início do filme, mas ainda assim não fazendo sentido na lógica da história), Loucas pra Casar passa como algo descartável e já disputa lugar cativo nas listas de piores de 2015. Dureza é começar o ano já assim. 

Nenhum comentário: