sexta-feira, 31 de julho de 2015

A fragilidade do terror

A Forca (The Gallows, EUA, 2015)
Dir: Travis Cluff e Chris Lofing



Não é difícil perceber a péssima fase que o gênero de terror vem tendo no circuito comercial. E é preciso acentuar que é um problema de nosso circuito porque existem coisas muito boas sendo feitas por aí, mas que não chegam às salas de cinema (The Babadook é o exemplo mais próximo). A Forca vem pra engrossar o caldo dessas produções de horror chulé, uma verdadeira lástima.

O que mais pesa contra o filme nem é o amparo no recurso do susto, tão cansativo e o atrativo que parece ser mais importante que a história. É essa que deixa a desejar quando o filme se apega a personagens com atitudes e comportamentos estúpidos. São adolescentes, e o desenho que o filme faz deles é o mais idiota possível. É difícil mesmo torcer por eles. A Forca é um filme “aborrecente”.

Veja só, uma turma escolar vai encenar uma peça, mas o ator principal é tão ruim que o amigo sugere que eles invadam a escola à noite, destruam o cenário da peça para que ela seja cancelada no dia seguinte. O garoto teme passar vergonha na frente de sua colega, par romântico na peça e por quem ele tem uma quedinha. Claro que a coisa não dá certo porque a escola é assombrada pelo espírito do ator que, anos antes, morreu enforcado durante a mesma peça que intitula o filme.

Também não me parece que o recurso do found footage, embora usado à exaustão por aí pós-Bruxa de Blair, mas principalmente depois do sucesso da franquia Atividade Paranormal, seja cansativo aqui. É mais uma incapacidade do filme em utilizá-lo de maneira a potencializar a narrativa.

Existe talvez um único momento de força assustadora no filme: vemos a silhueta dessa entidade vingativa atrás de uma garota, prenunciando um possível ataque, o que deixa o clima tenso, sem precisar de efeitos sonoros pra isso. É um momento isolado num filme completamente dispensável.


Sobrenatural: A Origem (Insidious: Chapter 3, EUA/Canadá, 2015) 
Dir: Leigh Whannell



Sobrenatural: A Orgiem é a terceira parte de uma franquia de horror que trouxe certo frescor na sua primeira aparição. Um filme que sugeria uma presença maligna prestes a tomar posse do corpo de uma criança. A família assustada pede ajuda a uma médium, personagem que retorna a essa nova história, anterior àqueles acontecimentos.

Trouxe também de volta ao jogo o nome de James Wan, diretor do icônico Jogos Mortais, e que depois faria um dos melhores filmes de terror dos últimos anos, o classudo e aterrorizante Invocação do Mal.

É uma pena que Wan não volte à direção aqui nesse terceiro capítulo. O filme continua com uma atmosfera de tensão e medo, mas sem trazer nada de muito novo do que já foi visto nos títulos anteriores da franquia, nem esteticamente, nem em termos de história. De certa forma, até brinca com elementos que já são conhecidos do público. O enredo concentra-se na garota que, ao tentar se comunicar com a mãe morta, acaba invocando espíritos maléficos que agora querem sua alma. 

Mas quem rouba a cena no filme é a médium Elise (Lin Shaye), ela que conhece e teme as forças do desconhecido (e há uma cena hilária dela confrontando certa aparição já vista anteriormente). Demora um pouco para que ela marque presença forte no filme, enquanto a história, mais uma vez, se ampara nos sustos e aparições, efeitos sonoros potentes garantindo o choque da plateia. O final tem algo roubado de Invocação do Mal no que diz respeito à força da família como agente salvador. O filme garante alguns bons momentos, mas não deixa de ter impressão de experiência requentada.
 

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