quinta-feira, 10 de julho de 2014

Poética do amor bandido

Amor Fora da Lei (Ain’t Them Bodies Saints, EUA, 2013)
Dir: David Lowery 



Filme que causou certa sensação no Festival de Sundance em 2013, Amor Fora da Lei segue o padrão básico da produção indie com histórias pessoais de gente machucada, filmada de forma naturalista, câmera levemente trêmula e com certo ar de peninha. É uma fórmula já desgastada, que vez ou outra encontra um elemento que faz variar um pouco a equação.

Neste caso aqui, até que se ensaia um desses elementos, muito embora o resultado seja ainda um filme arrastado e mesmo genérico em termos de produção independente. O diretor e roteirista David Lowery utiliza a ambientação do western e do filme policial para tratar, no fundo, de uma história de amor entre um pequeno bandido e uma moça bonita que se sujeita a uma vida de fugas e fora dos padrões sociais.

Casey Affleck vive esse homem de fala mansa, olhar carinhoso, mas que guarda o gosto pelo perigo e o destemor à lei dos homens. Vive de pequenos roubos e vai ser preso numa emboscada em que ele, a amada e seu bando são acuados pela polícia. Ele vai para a cadeia. Enquanto isso, Ruth, personagem de Rooney Mara, vive à espera do retorno do príncipe, grávida e sozinha. Depois de quatro anos, perto de seu julgamento, ele consegue fugir.

As coisas complicam-se com a entrada em cena do policial Patrick (Ben Foster), sua queda por Ruth estampada no rosto tímido, responsável também pela busca ao foragido. A protagonista, então, vê-se cada vez mais dividida, caos e ordem surgindo como saídas possíveis.

Com tom melancólico, o filme busca uma iluminação natural que dê conta da paisagem árida e bucólica do Texas interiorano dos anos 1970. Os próprios personagens movimentam-se com certa vagarosidade, refletindo sobre sua condição, tentando achar o caminho certo entre a lei e a paixão. 

É nesse ponto que o filme mais parece estagnado do que necessariamente introspectivo, investindo em pequenos conflitos que pouco ajudam no todo, soam desinteressantes. Mas o que vale aqui é essa poética do amor bandido, colocando seus personagens presos a destinos incertos, cheios de armadilhas, perigosos, ainda que pareça pulsar um amor verdadeiro, uma bonita carga afetiva, entre eles. Nada de muito novo, nem mesmo uma história assim apaixonante.

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